Me limitava apenas a ouvir sua versão da história e em certos momentos dava para sentir o seu desespero em ser compreendido e a sua crença naquelas mentiras inventadas. Talvez por desespero, tomava para si como verdade absoluta aqueles fatos irreais. Gostaria mesmo de poder depositar confiança em toda aquela explicação, mas estava de fora daquela situação e podia enxergar além das palavras e bem dentro de seus sentidos. Procurava mesmo ser compreensiva, mas naquele momento aquilo não lhe bastava. Queria apoio incondicional e eu não podia oferecer. Gostava de acreditar-se disponível, mas a verdade é que postava-se cada vez mais distante. Sumia de tempos em tempos e quando surgia, era sempre para abrandar o seu próprio ego. Já não trazia mais aquele sorriso no rosto e aquela vontade de cuidar e cultivar os seus. Os objetivos ficaram perdidos em meio ao caminho que percorrera por todos esses meses vazios. E a falta de notícias, acabara produzindo um esquecimento gradual daqueles que o estimavam, e apagava-se mais um pouco a cada dia. Dizem por aí que plantando em terra fértil, tudo brota e agora eu só consigo enxergar terra árida. Lote abandonado e seco como nos sertões. Sem vida, como o reflexo dos seus olhos e sem utilidade, como as mentiras que você inventa. E agora tudo o que conseguiu, foi fazer eu me afastar de você. Ainda que aqui dentro, o coração barte a cada lembrança sua.
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